quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pico Paraná - Ponto culminante do Sul do país

Com 1877m de altitude o Pico Paraná é uma montanha imponente e muito reverenciada pelos montanhistas do Sul do país, por isso sempre tivemos muita vontade de subi-la e conseguimos realizar esse objetivo em maio de 2013.

Da esquerda para a direita os integrantes dessa aventura: Zé, Wagner, Tui, Lucas e Cláudio.

Saímos de São Paulo numa sexta-feira dia 10 de maio às 19hs, pegamos algum trânsito até a Rodovia Regis Bittencourt e por volta da 1hs da manhã estávamos estacionando o carro no Posto do Tio Doca para  dormimos na pousada que existe no local.
Acordamos por volta das 5:30hs, tomamos um café reforçado na lanchonete do posto e partimos para a Fazenda Pico Paraná. Fizemos o retorno na rodovia e seguimos sentido SP até o km 46, entramos à direita em uma estrada de terra ao lado do rio Tucum e seguimos por aprox. 5,5km até à fazenda Pico do Paraná: Clique aqui para acessar o site da fazenda

Temperatura de 5,8ºC às 5:39hs.

Chegamos às 6:20hs na entrada da fazenda Pico Paraná, mas como o Dilson (proprietário da fazenda) só abre a porteira às 7hs ficamos lá um tempo tirarando algumas fotos e as 7hs em ponto o filho do Dilson veio abrir a porteira e adentramos com o carro, estacionamos e logo fomos recepcionados pelo Dilson e esposa. Ao contrário do que li em muitos relatos achei o Dilson um cara muito educado, prestativo e nos cobrou um preço justo (R$10,00 por 02 dias) com estacionamento e explicou como era a trilha até o topo do Pico Paraná e também nos pediu para trazer de volta o nosso lixo e se possível pegar algum que encontrássemos pela trilha.

Placa na entrada da Fazenda.
Iniciamos a trilha às 7:30hs  e logo no começo o aclive é forte, já mostrando logo de cara que a trilha não vai ser fácil. Seguimos em um ritmo constante e depois de aproximadamente 20 minutos a primeira baixa do grupo.....o Zé. Disse que estava muito cansado e achava que não ia conseguir subir o PP,  então no primeiro mirante da trilha a Pedra do Grito ele apreciou a paisagem conosco e voltou pra fazenda pra bebericar e descansar...rs.

Início da trilha.

Após a Pedra do Grito continuamos a subida e mais à frente uns 20 min a trilha faz um "S" onde existe uma grande pedra e à partir daí o aclive é menos intenso e mais 15 min passamos pelo Lago Morto que fica à esquerda de quem sobe a trilha. A trilha nessa parte estava um pouco fechada por causa da mata mais baixa e bambus e aconselho colocar todos os equipamentos dentro da mochila para não serem danificados pela vegetação.
                                   
Trecho com vegetação baixa.
Seguindo em frente por um bom tempo a mata fechada dá lugar à uma mata semelhante ao cerrado e logo nos deparamos com Morro do Getúlio, exatamente 2hs após o início da caminhada e rapidamente Lucas e Cláudio foram na frente alcançando seu topo,  mais alguns minutos depois o grupo todo estava no cume descansando e admirando a paisagem.

Vista do alto dos 1477m do Morro do Getúlio, com a represa Capivari ao fundo.
Ao fundo o vale que iríamos passar entre o Pico Caratuva (esquerda) e  o Pico Itapiroca (direita).
Ficamos no Morro do Getúlio por aprox. 10 minutos e retomamos a caminhada rumo ao PP. A subida dá uma trégua e a trilha segue praticamente plana com poucos aclives e declives até a primeira bifurcação da trilha uns 15 minutos após o Morro do Getúlio, a trilha do lado esquerdo segue a trilha para o Pico Caratuva (1850m) e à direita segue para o PP.

                                                     
Placa na primeira bifurcação da trilha.
Seguindo a trilha à direita a vegetação baixa fica para trás e a mata fechada toma conta da trilha e ai começa um dos piores trechos da trilha, com muitas raízes expostas que dificultam a caminhada além do constante sobe e desce que desgasta fisicamente os integrantes do grupo. Após 15 min chegamos em uma bica d'agua com um cano e uma espécie de reservatório feito com pedras cimentadas onde descansamos e reabastecemos nossas garrafas com uma água límpida e gelada.

Bica d'agua.
Continuamos a trilha entre as raízes com trechos bem inclinados com alguns degraus encravados nas rochas, correntes e cordas fixas para vencer os obstáculos mais difíceis.

Lucas transpondo os obstáculos da trilha..


Wagner usando uma corda fixa para vencer um trecho difícil.
A trilha segue assim entre raízes e rochas que perdura por 1h até a próxima bifurcação que à direita leva ao Pico Itapiroca (1805m) e à esquerda ao PP. 

Sobe e desce por rochas e raízes.
2ª bifurcação da trilha.
Passamos pela bifurcação direto e nem descansamos......nosso foco era chegar no PP e seguimos em frente em um ritmo moderado, a altitude nesse local é por volta de 1660m. A trilha vai contornando o Caratuva pela direita e segue relativamente plana e com menos obstáculos. Até que nos deparamos com a primeira visão do PP entre as árvores e desanimamos um pouco, não por ele em si (que era muito belo e imponente) mas pela distância que ele ainda tinhamos que percorrer, mas sem pestanejar retomamos nossa caminhada.

Primeira visão do PP.
A trilha segue entre a mata e meia hora depois da segunda bifurcação chegamos à outro ponto de água, nos abastecemos e seguimos rumo ao acampamento A1.

Belas árvores.
Alguns minutos após o último ponto de água as árvores saem de cena e as Caratuvas (espécie de bambu anão) tomam conta da paisagem deixando à mostra a paisagem que a mata fechada insistia em nos esconder. E isso nos deu um maior ânimo à nossa jornada e seguimos firmes e fortes (ou quase) até o A1 para um breve descanso e forrar nossos estômagos com algumas guloseimas. Esse local tem espaço para aprox. 10 barracas. 

Em primeiro plano as Caratuvas e ao fundo PP à esquerda e Camelos à direita.
Cinco minutos depois partimos e seguimos agora descendo a trilha por 40 min. até a base da parede com grampos e cordas, local que lembra muito o início da escalada na Pedra do Bau em SP, estávamos à 1460m de altitude e teríamos um desnível de 417m até o topo do PP. 

Na seta vermelha o local exato aonde começa o trecho de escalaminhada com o auxílio de cordas e grampos.

Nesse momento o Cláudio exitou um pouco pois a exposição à altura nesse ponto é grande mas tomou coragem e enfrentou a piramba. O primeiro trecho é auxiliado por uma corda, verificamos se a corda estava em boas condições e bem fixa e confirmado isso um à um fomos subindo o primeiro trecho de escalaminhada que ao meu ver é um dos mais difíceis de toda a trilha. Usamos também vários grampos encravados na rocha e assim fomos subindo um trecho bem inclinado da trilha e depois de 50 minutos estávamos no A2,  local que abriga alguns bons locais para acampar e as ruínas de um antigo abrigo de montanha, descansamos e após uns 5 minutos começamos a procurar um ponto de água que dizem que existe atrás do abrigo mas não encontramos.

Lucas (em primeiro plano) e Cláudio e um dos vários trechos com grampos.
                                                                   
Ruínas do abrigo de montanha.
Seguimos rumo ao PP pela trilha batida e pra variar o Lucas e Cláudio dispararam na frente revigorados após a breve parada de descanso. Subimos por uma cumeeira cada vez mais estreita e cheia de obstáculos que minavam pouco à pouco nossas forças.

Lucas lá na frente.
Pico Ciririca (1705m) entre nuvens.
Subindo gradativamente e empolgados pela visão do PP cada vez mais perto seguimos felizes pela trilha transpondo pedras e abrindo caminhos pelas caratuvas e quando pensamos que estávamos chegando ao topo do PP descobrimos que esse pico era um pico secundário anterior ao PP e que após ele tinha alguns minutos de caminhada até nosso verdadeiro destino. Seguimos cansados mas extremamente ansiosos e após deixarmos o "falso PP" para trás chegamos à um local onde se pode montar no máximo 02 barracas e seguindo pela direita desse pequeno descampado segue o trecho de escalaminhada final onde se ataca o cume do PP.

Da esquerda para direita: Picos Ibitirati, União  e Paraná

Tui e o trecho de grampos com correntes.

A escalaminhada final não levou 5 minutos e às 15:30hs estávamos no cume do PP, com uma vista impressionante nos apressamos para deixarmos nossas considerações no livro de cume e logo procuramos os melhores locais para acampar pois estávamos sós e rapidamente montamos nossas barracas. Após alguns minutos nossos estômagos nos avisaram que era hora de comer e fomos logo preparando nossas mini pizzas que estavam deliciosas.
Cláudio e o ultimo trecho até o cume do PP.
Cansados mas felizes no topo do PP.
Preparando nosso rango ;)
 O Lucas acelerou demais na caminhada e nem forças para esquentar algo pra comer tinha, comeu um miojo cru, montou sua barraca e desmaiou lá dentro só acordando no dia seguinte.  Tui, Cláudio e Wagner com as barrigas cheias foram tirar algumas fotos e admirar as belas paisagens paranaenses que se descortinam do topo do PP. Sem muita dificuldade lá de cima consegue-se avistar o litoral paranaense, Curitiba, o conjunto de montanhas do Marumby e todos os imponentes picos da região.

Da esquerda para direita: Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu, Ferraria e Ibitirati.
Após as 16hs começaram à chegar alguns grupos de montanhistas e logo todos os locais de acampamento estavam lotados e lá para as 19hs um casal chegou no topo e tiveram que bivacar nas pedras. Por isso recomendo ir ao topo à noite para acampar somente com a certeza que tenha algum local disponível pois bivacar no cume do PP com frio não deve ser um experiência muito agradável.
Falando em frio a temperatura à noite não foi das mais baixas e a mínima foi por volta de 3ºC.
À noite se aproximando e nós extasiados com aquele lugar magnífico ficamos deitados nas pedras conversando e admirando o céu se estrelar aos poucos.

Ao fundo os Agudos da Cotia e o Ciririca com suas placas.
 
Pôr do Sol no alto do Pico Paraná.
                                                                           
As Caratuvas e os últimos raios solares desse maravilhoso dia.
Infelizmente não conseguimos acordar cedo para ver o magnífico nascer do sol mas em compensação acordamos todos bem dispostos para encarar a jornada de volta para a fazenda e depois para SP. O único porém foi a barraca do Lucas que durante à noite quebrou uma das varetas mas que não afetou em nada o seu sono profundo kkkk. Tomamos um delicioso café da manhã e partimos para à fazenda por volta das 8:30hs.
Lucas bem disposto desmontando a barraca depois de 15 horas de sono...


Iniciando o retorno para fazenda.
Nosso ritmo foi relativamente rápido e em pouco mais de uma hora e meia estávamos no ponto de água após o A1, enchemos as garrafas de água e partimos mas Cláudio e Lucas dispararam e seguiram em um ritmo mais forte na frente.
Lucas e o Caratuva ao fundo.
Wagner e Cláudio (com a cara de assustado rs) descendo um dos trechos com grampos.

Com poucas paradas e focados em chegar o quanto antes na fazenda apertamos o passo e seguimos em ritmo forte (mas não menos atentos pois um pequeno descuido pode resultar em um grave acidente) fazendo só mais uma breve parada para descanso na bifurcação Caratuva/PP.
Lucas chegou na fazenda às 13:30hs, Cláudio as 14hs e a dupla tartaruga (Wagner e Tui..rs) umas 14:20. Chegamos mortos de cansaço e fome, pedimos alguns pastéis (que estavam deliciosos por sinal), refrigerantes e comemos ouvindo o Zé falar sobre a tentativa frustrada de chegar à uma cachoeira que existe na fazenda e as dezenas de cervejas que tomou nesses dois dias. Tomamos um banho quente e revigorante e partimos rumo à São Paulo por volta das 16hs. Sem muitas paradas (somente uma para abastecer e comer em São Lourenço da Serra) chegamos em SP às 22:30hs, cansados e felizes por mais uma aventura concluída.